PARTE II
NÃO
Não, não assim.
Uma terra sáfara, deserto nu.
Lago vulcânico, o mar morto:
nem peixes, nem plantas, mergulhando fundo na terra.
Vento nenhum levantaria aquelas ondas, metal cinza, águas brumosas envenenadas.
De enxofre chamavam-lhe a chuva caindo: as cidades da planície: Sodoma, Gomorra, Edom.
Nomes mortos todos.
Um mar morto numa terra morta, cinza e vermelha. Velha agora.
Nutrira a mais velha, a primeira raça. Uma bruxa curvada cruzou do Cassidy crispando pelo gargalo uma garrafa graduada.
A mais velha gente.
Erraram bem longe por sobre toda a terra, de cativeiro em cativeiro, multiplicando-se, morrendo, nascendo em toda parte.
E jaz lá agora.
Já não podia gerar.
Morta : de uma velha morta :
a cinzenta vulva afundada do mundo.
Desolação.
NINGUÉM
Antes de assentar-se espiou por uma fresta a janela do vizinho. O rei estava em seu tesouro.
Ninguém.
Refestelado no trono desdobrou o jornal
virando páginas sobre os joelhos nus.
Algo novo e fácil.
Não há grande pressa
TEMPO
Horas da tarde, garotas de gaze gris.
Horas da noite depois negras com adagas e meias máscaras.
Idéia poética rosa, depois dourada, depois cinzenta, depois negra.
Ademais veraz para com a vida também.
Dia, depois a noite
ENTERRO
A que horas é o enterro ?
Melhor procurar no jornal .
COM
Com ela uma vez no parque na safa.
Escuro de abafa.
Que marafa.
Tira da polícia.
O nome e o endereço
ela então deu
com o meu lero-lero lero-lero lero.
PALAVRA
Um tordo.
Um tredo.
Há uma palavra
tredo,
que exprime isso.
MORTE
Não mais sofrer.
Não mais despertar.
Ser de ninguém.
FUNERAIS
Funerais pelo mundo
em toda parte e todo minuto.
Enterrando-se às carradas aceleradíssimas.
Milhares por hora.
Gente demais neste mundo.
LÁZARO
Velhas bombas enferrujadas:
tudo o mais é uma história.
A ressurreição e a vida.
Uma vez que estás morto, estás morto.
Essa idéia do juízo final.
Pipocando todos em suas tumbas.
Levanta-te Lázaro.
E ele chegou em quinto
e perdeu o lugar.
Levanta!
Dia final.
CADÁVER
Um cadáver é carne deteriorada.
Bem e o que é queijo ?
Cadáver de leite.
FANTASMA
O fantasmas anda suavemente,
biscoitamente,
contra a vidraça poeirenta da janela.
RIMAS
Boca, touca.
É boca touca de algum modo ?
Ou a touca uma boca?
Deve haver algo.
Touca, oca, louca, pouca, sopa.
Rimas:
dois homens iguais nos trajes, parecendo o mesmo, dois a dois.
NILO
O Nilo,
Criança , homem , efígie.
Nas barracas nilóticas
as crianças se ajoelham,
berço de juncais:
um homem destro no combate:
petriocornudo, petribarbudo,
coração de pedra.
OBSERVAÇÃO
Nota o olhar que esta mulher lhe deu ao passar.
Cruel.
Sexo desleal.
PALAVRAS INÚTEIS
Bondes passavam uns após outros, indo, vindo,
retinindo.
Palavras inúteis.
As coisas continuam as mesmas;
dia após dia: pelotões de polícia marchando adiante, para trás; bondes indo, vindo.
DIZQUE
Uma cidadada trespassando, outra cidadada chegando, trespassando também: outra chegando, trespassando.
Casas , filas de casas, ruas, milhas de pavimentos, tijolos amontoados, pedras.
Mudando de mãos.
Este dono, aquele.
proprietário não morre nunca, dizque.
PIRÂMIDES
Pirâmides sobre a areia.
Construídos de pão e cebolas.
Escravos.
Muralhas da China.
Babilônia.
Pedras grandes deixadas.
Torres redondas.
O resto, entulho,
subúrbios encarrapachados,
assopapados,
casas cogumelos de Kervan,
construídas de vento.
Refúgio da noite.
NADA
Nem um é algo.
Essa é realmente a péssima hora do dia.
Vitalidade.
Baça lúgubre: odeio essa hora. Sinto como se tivesse sido engolido e vomitado.
SIM
A jovem lua de maio está brilhando, amor.
Ele ao lado dela.
Cotovelo, braço.
Ele.
O facho do vagalume está faiscando, amor.
Alisação. Dedos. Pergunta.
Resposta. Sim.
VOZES
Vozes altas.
Soda solaquecida.
Arreios distantes.
Tudo por uma mulher, lar e casas, tramas de seda, pratarias, frutas suculentas, especiarias de Jafa.
Agendath Netaim .
Riqueza do mundo
SANGUE
Sangue fresco quente se recomenda para a consumição.
Sangue é sempre necessário.
Insidioso.
Lambê-lo , esfunando quente, xaroposo.
Vampiros esfaimados.
AMOR
Vida juvenil, seus lábios me davam num abrocho. Macios, quentes, gomigelatinosos lábios grudentos.
Flores eram seus olhos, me toma, olhos quentes.
Seixos rolavam.
Ela jazia queda.
Uma cabra. Ninguém.
AMOR II
Selvagemente eu jazia sobre ela, beijava-a; olhos, seus lábios, seu pescoço reteso, pulsando, peitos de fêmea plena em sua blusa de véu de monja, mamilos cheios ponteando.
Quente eu a linguei.
Eu era beijado. Tudo rendendo ela emaranhava meus cabelos.
Beijada, ala beijava-me.
EU
Eu.
E eu agora.
Pegadas, as moscas zuniam.
BELEZA
Beleza: encurva-se, curvas são beleza.
Deusas feiçoadas, Vênus, Juno: curvas que o mundo admira.
Posso vê-las no museu da biblioteca de pé no vestíbulo redondo, nuas deusas.
MISTICISMO
Espirituais sem forma, Pai, Verbo e Espírito Santo, Ominipater, o homem celestial.
Hiesos Kristos, mágico da beleza, o Logos que sofre em nós a todo instante.
Isto veramente é aquilo.
Sou o fogo no altar.
Sou o butiro sacrificial.
DEUS
Deus :
rumor na rua :
muito peripatético.
APEGO
Apega-te ao agora, ao aqui, todo o futuro mergulha no passado.
MORTE
Leito de morte da mãe.
Velas. Espelho velado.
Quem me pôs neste mundo lá jaz, bronzepálpebras, sobre umas poucas flores baratas.
BRINCADEIRA
Peter Piper
picou um pito
da pica de pico de picante pimenta.
AQUILES
Aqui ele pondera sobre coisas que não foram: o que César tivera
vivendo feito se houvera crido no harúspice: O que poderia ter sido: possibilidades do possível como possível: coisas não sabidas: que nome Aquiles usara quando vivera entre mulheres.
ACASALAMENTO
Em momento de acasalar.
Júpiter, manda-lhes uma boa maré de tesão.
Sim ué,
pombarrola com ela.
Eva.
Ventrigal pecado nu.
Uma serpente a coleia,
colmilhobeija.
JUNO
Cílios de olhos de Juno, violetas.
Ela passeia.
Uma vida é tuda.
Um corpo.
Faze. Mas faze.
Longe, num bodum de tesão e sordidez, mãos apalpam brancuras
BALBÚRDIA
Porta fechada. Cela. Dia.
Escutam. Três. Eles.
Eu tu ele eles.
Vamos, balbúrdia.
POEIRA
A poeira entelara a vitrina e os teréns do mostruário.
A poeira escurecia dos dedos instrumentais com unhas vulturinas.
A poeira dormia sobre baças espirais de bronze e prata .
Losangos de cinábrio,
sobre rubis, pedras leprosas e viniscuras.
ELA
Ela está se afogando.
Remordida.
Salvá-la.
Remordida.
Todos contra nós.
Ela me afogará com ela,
olhos e cabelos.
Madeixas corridas de cabelos
bodelha do mar em tôrno de mim, meu coração , minha alma.
Verde morte salina.
PAI
Nunca mais o vi.
Morte , é isso.
Papai está morto.
Meu pai está morto.
Ele me pediu para ser bom filho para mamãe.
Eu não podia entender as outras coisas que ele queria dizer
mas vi a língua e os dentes dele tentando dizer isto melhor. Pobre papai.
Era o senhor Dignam, meu pai.
Espero que agora esteja no purgatório,
porque não se confessou com o padre Conroy na tarde de sábado.
ENGANO
Engano. Palavra doce.
Mas olha!
As estrelas brilhantes fenecem.
Ó Rosa !
Notas cricricrilando resposta.
Castela.
Rompe a manhã.
Ginga sege ginga, seginha.
PECADO
Perto, seus olhos passavam.
Doçuras do pecado.
Doces são as doçuras.
Do pecado
ECOS
Um tordo. Uma toda.
Seu sopro, ave canora, bons dentes de que se orgulha, flauteava com coita flébil.
É perdido. Rico som.
Eis duas notas numa.
Todo novo demais renôvo
é perdido no ovo.
Eco.
Quão doce a resposta.
Como isso é feito ?
Tudo é perdido agora.
Plangente ele assoviava.
Queda, entrega , perda.
INTERROGAÇÃO
Palavras?
Música ?
Não :
é o que é por trás.
MÚSICA
La la la ri.
Sinto-me tão triste hoje.
La ri.
Tão sol. Ré.
MÚSICA II
Mar, vento, folhas
trovão, águas, vacas mugindo, o mercado de gado, galos, galinhas não cucuricam, serpentes que tsíam.
Há música por toda parte.
OLHAR
Olhar :
olhar, olhar, olhar
olhar, olhar:
tu nos olhas.
MUDANÇA
Tudo mudado.
Esquecido.
Os jovens são velhos.
Seu fio enferrujado pelo sereno.
UM
Um.
Que é que está voando por aí ?
Andorinha ?
Morcego provavelmente.
Pensa que sou árvore, tão cego.
Os pássaros não têm olfato ?
Metempsicose.
MULHER
Feiosa:
nenhuma mulher pensa que é.
Amar, mentir e exceler pois o amanhã é morrer.
ARANHA
A aranha tece sua teia na solidão.
O rato, noturno
espreita do seu buraco.
A maldição é nela .
É assombrada.
Terra de assassino.
TUDO
Tudo é ido.
Agendath é uma terra sáfara, berço de corujas e da poupa burricega.
Netaim, a áurea
já não é.
E pelas estradas das núvens elas chegam, resmungando o trovão da rebeldia, os espectros das bestas.
Hua! Haa! Hua!
Paralaxe esncalça-os atrás e açula-os, os lancinantes raios de cuja fronte são os escorpiões.
O alce e o iaque, os touros de Bashan e de Babilônia, o mamute e o mastodonte, eles vêm atropelando o mar afundado, Locus Mortis, Ominosa, vindicativa hoste zodiacal!
Eles mugem, sobrepassando as nuvens, córneos e capricórnios , os trombudos com os colmilhudos, os leonijubosos e os aspesgados, os focinhentos e os rastejantes, rodentes , ruminantes e paquidermes, toda esta movente mugente multitude, matadores do sol.
POBREZA
Um prato espatifa-se;
uma mulher esganiça-se;
uma criança chorominga.
Pragas de um homem rosnam ,
ressoam, cessam.
Figuras erram,
emboscam-se,
espiam dos cortiços.
VISÕES
Vimos Shakespeare megeramontado
e Sócrates galinhabicando.
Mesmo o omnissapientíssimo estagirita foi bocado,
bridado e montado
por uma mariposa do mar.
TUDO
Depois dos jogos de mistério do salão e os estralos puxados das árvores nós nos sentamos na otomana da escada.
Debaixo da visgueira.
Dois eram tudo.
ANARQUIA
Sou pela reforma da moral municipal
e dos dez mandamentos puros.
Novos mundos para os velhos.
União de todos ( o judeu, o muçulmano e o gentio).
Três acres e uma vaca
para cada filho natural.
Coches-fúnebres-salão a motor.
Trabalho manual compulsório para todos.
Todos os parques públicos abertos dia e noite.
Lava-louças elétricos.
Tuberculose, aluação,
guerras e mendicância devem cessar já.
Anistia geral,
carnaval semanal,
licença de uso de máscaras,
abonos para todos,
esperanto a fraternidade universal.
Não mais patriotismo de mama-bares
e impostores hidrópicos.
Dinheiro livre, amor livre
e uma igreja laica livre
num estado laico livre.
Raposa livre num galinheiro idem.
SER OU NÃO SER
Ser ou não ser.
A vida é sonho ‘stá finda.
Acaba-a em paz.
A vida continua.
Sou uma ruína.
Umas poucas pastilhas de acônito.
Cortinas baixadas.
A carta.
Depois jazer e repousar.
Nô-mais.
Eu hei vivido.
Adeus.
Adeusdado
AMARGAMENTE
Homem e mulher,
amor,
quer é isso?
Uma rolha e uma garrafa.
TEMPO
Um tempo,
tempos
e meio tempo.
VERBO
No início era o verbo
no fim o mundo semfim.
Abençoadas sejam as oito beatitudes.
BEATITUDES
Bebida
bife
batalha
boiada
buzina
berreiro
besteira
bispo.
ESTÉTICA
Estética e cosméticos
são para o boudoir.
Busco a verdade.
Pura verdade para um homem puro.
CHAMA
Uma mão-de-judas
de esqueleto estrangula a luz.
A luz verde esvai-se
em malva.
A chama de gás geme silvando.
OBSERVAÇÃO
Observa.
Isto é o seu sol adequado.
Pássaro noturno
sol noturno
cidade noturna.
Procura-me Zuzé! Zzz.
CASULO
De olho o casulo bivalente da mulher é pior.
Sempre aberto Sésamo.
Aí porque teme a bicha,
ou coisas rastejantes.
Entretanto
Eva e a serpente se contraditam.
Não como fato histórico.
Analogia óbvia com a minha idéia.
As serpentes também são glutonas de leite de mulher.
INSTINTO
O instinto rege o mundo.
Na vida.
Na morte.
IMORTAIS
Nós imortais,
como hoje viste,
não temos tal lugar
nem pêlos ali.
Somos petrifrias e puras.
Comemos luz elétrica.
ENCANTO
Quebraste o encanto.
A gota que transborda.
Se só houvera o etéreo
onde estaríeis vós todas,
postulantes e noviças.
Reclusa não convicta,
como asno que micta.
AMORIVERBOS
Cochichando amoriverbos
cochicham labilambendo
liquiloquentes,
papôulicos plachechapes.
VÔO
Não, eu voava.
Meus inimigos sobre mim.
E sempre há de ser.
Mundo sem fim.
JOGADORES
A multidão ladra de jogadores de dados,
tudo-ou-nada,
de porrinheiros-de-três,
de trapaceiros.
Açuladores e cercadores,
espantadores roucos de chapéus altos de mágicos
berram ensurdecedoramente.
TURFE
Um cavalo escuro,
desmontado,
salta como um fantasma além da chegada,
a crina lunespumando,
as pupilas de estrelas.
A manada segue,
uma tropa de montadas escabreando-se.
Cavalos esqueletos:
Cetro, Máximo II, Zinfandel,
Shotover do Duque de Westminster,
Repulse, Ceilão do Duque de Beaufort,
prêmio de Paris.
Anões os cavalgam,
de armaduras ferrugentas,
saltejando,,
saltejando nas celas
Último numa garoa de chuva,
um rocim isabela esbofado,
galo do Norte, o favorito,
boné mel, jaqueta verde,
mangas laranja,
Garret Deasy montando,
crispando as rédeas,
bastão de hóquei à mão.
Seu rocim,
tropeçando em pés alviplainados, troteja ao longo da pista pedregosa.
VENCEDOR
Pino erecto,
a cara unhada
engessada com selos postais,
brande o bastão de hóquei,
os olhos azuis chispeando no prismático do lustre
no que sua montada saltita
perto num galope aprendiz.
Per vias rectas.
CIRANDA
De um canto as horas matinais escorrem,
aurilanudas,
esguias,
em azul meninesco,
vespicintadas,
de inocentes mãos.
Lépidas dançam,
girando suas cordas de saltar.
As horas merídias
seguem-se-lhes em ouro âmbar.
Rindo em ciranda,
suas grandes travessas cintilando,
prendem o sol em espelhos zombeteiros,
erguendo os braços.
CIRANDA II
As horas matinais e merídias valsam em seus lugares,
virando-se, avançando umas para as outras,
modelando as curvas,
inclinando-se vis-à-vis.
Cavalheiros atrás delas arqueiam
e suspendem os braços,
com as mãos descendentes sobre,
tocando,
levantes de suas espáduas.
CIRANDA III
As horas crepusculares avançam,
de longas terrestrissombras,
dispersas,
demorando-se,
languidoculadas,
sua faces delicadas com cípria
e uma rosa desmaiada falsa.
Estão em gaze cinza
com escuras manchas morcegas
que estremecem à brisa terral.
CIRANDA IV
As horas noturnas esgueiram-se
para o último lugar.
As horas matinais,
merídias e crespusculares
retiram-se ante aquelas.
Que estão mascaradas de cabeleira
com adagas e braceletes
de campainhas surdas.
Cansadas,
elas se cobremquecobrem com véus
CIRANDA V
Germinando-se,
recuando,
com mãos intercanbiantes,
as horas noturnas enlaçam-se,
cada uma de braços arqueados,
num mosaico de movimentos.
CIRANDA VI
Justagarrados
rápido mais rápido
em cintilibrilhischispeantes girâdolas
eles espalhipilhidisparam amontoadamente.
Barrabum!
KINCH
Com sutil sorriso da loucura da morte
Kinch matou seu canicorpo
de cadelicorpo.
Ela esticou as canelas.
Lágrimas de manteiga melosa
caem dos seus olhos no bolinho.
Nossa grande doce mãe.
Ipi oinopa ponton.
PALAVRA
Dize-me a palavra,
mãe,
se a sabes agora.
A palavra sabida de todos os homens.
CAOS
Levanta seu estoque
alto com ambas as mãos
e estilhaça o lustre.
A lívida flama final do tempo ressalta
e, na escuridão conseguinte,
a ruína de todo o espaço,
vidro partido
e alvenaria ruindo.
CONVITE
Vocês são meus convidados.
Os inconvidados.
Por virtude do quinto George
e sétimo Edward.
Culpa da história.
Fabulada pelas mães da memória.
FOGO !
Chamas sulfúreas saltam.
Nuvens densas passam rolando.
Pesados canhões Gatling ribombam.
Pandemônio.
Tropas deslocam-se.
Galopes de cascos.
Artilharia.
Comandos roucos.
Sinos clangoram.
Apostadores gritam.
Beberões berram.
Putas urram.
Sirenes silvam.
Clamores de bravura.
Guinchos de moribundos.
Picões colidem com couraças.
Ladrões roubam os massacrados.Aves de rapina,
ondeando do mar,
pairam piando, alcatrazes,
cormorões, abutres, açores,
galinholas trepadeiras, falcões reais,
esmerilhões, tetrazes, aurifrísios,
gaivotas, albatrozes e gansos bernacos.
O sol da meia noite escurece.
A terra treme...
... Um abismo se abre num bocejo silente.
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