sexta-feira, 11 de abril de 2008

Odisséia


PARTE II





NÃO

Não, não assim.

Uma terra sáfara, deserto nu.

Lago vulcânico, o mar morto:

nem peixes, nem plantas, mergulhando fundo na terra.


Vento nenhum levantaria aquelas ondas, metal cinza, águas brumosas envenenadas.


De enxofre chamavam-lhe a chuva caindo: as cidades da planície: Sodoma, Gomorra, Edom.

Nomes mortos todos.

Um mar morto numa terra morta, cinza e vermelha. Velha agora.


Nutrira a mais velha, a primeira raça. Uma bruxa curvada cruzou do Cassidy crispando pelo gargalo uma garrafa graduada.

A mais velha gente.

Erraram bem longe por sobre toda a terra, de cativeiro em cativeiro, multiplicando-se, morrendo, nascendo em toda parte.

E jaz lá agora.

Já não podia gerar.

Morta : de uma velha morta :

a cinzenta vulva afundada do mundo.

Desolação.



NINGUÉM



Antes de assentar-se espiou por uma fresta a janela do vizinho. O rei estava em seu tesouro.

Ninguém.


Refestelado no trono desdobrou o jornal

virando páginas sobre os joelhos nus.


Algo novo e fácil.

Não há grande pressa


TEMPO
Horas da tarde, garotas de gaze gris.

Horas da noite depois negras com adagas e meias máscaras.

Idéia poética rosa, depois dourada, depois cinzenta, depois negra.

Ademais veraz para com a vida também.

Dia, depois a noite



ENTERRO


A que horas é o enterro ?

Melhor procurar no jornal .


COM

Com ela uma vez no parque na safa.

Escuro de abafa.

Que marafa.

Tira da polícia.

O nome e o endereço

ela então deu

com o meu lero-lero lero-lero lero.



PALAVRA


Um tordo.

Um tredo.

Há uma palavra

tredo,

que exprime isso.


MORTE


Não mais sofrer.

Não mais despertar.

Ser de ninguém.


FUNERAIS

Funerais pelo mundo

em toda parte e todo minuto.

Enterrando-se às carradas aceleradíssimas.

Milhares por hora.

Gente demais neste mundo.


LÁZARO

Velhas bombas enferrujadas:

tudo o mais é uma história.

A ressurreição e a vida.

Uma vez que estás morto, estás morto.

Essa idéia do juízo final.

Pipocando todos em suas tumbas.

Levanta-te Lázaro.

E ele chegou em quinto

e perdeu o lugar.

Levanta!

Dia final.


CADÁVER

Um cadáver é carne deteriorada.

Bem e o que é queijo ?

Cadáver de leite.



FANTASMA


O fantasmas anda suavemente,

biscoitamente,

contra a vidraça poeirenta da janela.



RIMAS


Boca, touca.

É boca touca de algum modo ?

Ou a touca uma boca?

Deve haver algo.

Touca, oca, louca, pouca, sopa.

Rimas:

dois homens iguais nos trajes, parecendo o mesmo, dois a dois.


NILO



O Nilo,

Criança , homem , efígie.

Nas barracas nilóticas

as crianças se ajoelham,

berço de juncais:

um homem destro no combate:

petriocornudo, petribarbudo,

coração de pedra.



OBSERVAÇÃO


Nota o olhar que esta mulher lhe deu ao passar.

Cruel.

Sexo desleal.


PALAVRAS INÚTEIS


Bondes passavam uns após outros, indo, vindo,

retinindo.

Palavras inúteis.

As coisas continuam as mesmas;

dia após dia: pelotões de polícia marchando adiante, para trás; bondes indo, vindo.



DIZQUE



Uma cidadada trespassando, outra cidadada chegando, trespassando também: outra chegando, trespassando.

Casas , filas de casas, ruas, milhas de pavimentos, tijolos amontoados, pedras.

Mudando de mãos.

Este dono, aquele.

proprietário não morre nunca, dizque.



PIRÂMIDES



Pirâmides sobre a areia.

Construídos de pão e cebolas.

Escravos.

Muralhas da China.

Babilônia.

Pedras grandes deixadas.

Torres redondas.

O resto, entulho,

subúrbios encarrapachados,

assopapados,

casas cogumelos de Kervan,

construídas de vento.


Refúgio da noite.



NADA


Nem um é algo.

Essa é realmente a péssima hora do dia.

Vitalidade.

Baça lúgubre: odeio essa hora. Sinto como se tivesse sido engolido e vomitado.




SIM


A jovem lua de maio está brilhando, amor.

Ele ao lado dela.

Cotovelo, braço.

Ele.

O facho do vagalume está faiscando, amor.

Alisação. Dedos. Pergunta.

Resposta. Sim.



VOZES


Vozes altas.

Soda solaquecida.

Arreios distantes.

Tudo por uma mulher, lar e casas, tramas de seda, pratarias, frutas suculentas, especiarias de Jafa.

Agendath Netaim .

Riqueza do mundo



SANGUE

Sangue fresco quente se recomenda para a consumição.

Sangue é sempre necessário.

Insidioso.

Lambê-lo , esfunando quente, xaroposo.

Vampiros esfaimados.


AMOR


Vida juvenil, seus lábios me davam num abrocho. Macios, quentes, gomigelatinosos lábios grudentos.

Flores eram seus olhos, me toma, olhos quentes.

Seixos rolavam.

Ela jazia queda.

Uma cabra. Ninguém.



AMOR II



Selvagemente eu jazia sobre ela, beijava-a; olhos, seus lábios, seu pescoço reteso, pulsando, peitos de fêmea plena em sua blusa de véu de monja, mamilos cheios ponteando.


Quente eu a linguei.

Eu era beijado. Tudo rendendo ela emaranhava meus cabelos.

Beijada, ala beijava-me.



EU


Eu.

E eu agora.

Pegadas, as moscas zuniam.


BELEZA

Beleza: encurva-se, curvas são beleza.

Deusas feiçoadas, Vênus, Juno: curvas que o mundo admira.

Posso vê-las no museu da biblioteca de pé no vestíbulo redondo, nuas deusas.


MISTICISMO

Espirituais sem forma, Pai, Verbo e Espírito Santo, Ominipater, o homem celestial.

Hiesos Kristos, mágico da beleza, o Logos que sofre em nós a todo instante.

Isto veramente é aquilo.

Sou o fogo no altar.

Sou o butiro sacrificial.



DEUS

Deus :

rumor na rua :

muito peripatético.



APEGO

Apega-te ao agora, ao aqui, todo o futuro mergulha no passado.



MORTE

Leito de morte da mãe.

Velas. Espelho velado.

Quem me pôs neste mundo lá jaz, bronzepálpebras, sobre umas poucas flores baratas.



BRINCADEIRA


Peter Piper

picou um pito

da pica de pico de picante pimenta.




AQUILES


Aqui ele pondera sobre coisas que não foram: o que César tivera

vivendo feito se houvera crido no harúspice: O que poderia ter sido: possibilidades do possível como possível: coisas não sabidas: que nome Aquiles usara quando vivera entre mulheres.



ACASALAMENTO



Em momento de acasalar.

Júpiter, manda-lhes uma boa maré de tesão.

Sim ué,

pombarrola com ela.

Eva.

Ventrigal pecado nu.

Uma serpente a coleia,

colmilhobeija.


JUNO


Cílios de olhos de Juno, violetas.

Ela passeia.

Uma vida é tuda.

Um corpo.

Faze. Mas faze.

Longe, num bodum de tesão e sordidez, mãos apalpam brancuras


BALBÚRDIA


Porta fechada. Cela. Dia.

Escutam. Três. Eles.

Eu tu ele eles.

Vamos, balbúrdia.



POEIRA

A poeira entelara a vitrina e os teréns do mostruário.

A poeira escurecia dos dedos instrumentais com unhas vulturinas.

A poeira dormia sobre baças espirais de bronze e prata .

Losangos de cinábrio,

sobre rubis, pedras leprosas e viniscuras.


ELA

Ela está se afogando.

Remordida.

Salvá-la.

Remordida.

Todos contra nós.

Ela me afogará com ela,

olhos e cabelos.

Madeixas corridas de cabelos

bodelha do mar em tôrno de mim, meu coração , minha alma.

Verde morte salina.


PAI

Nunca mais o vi.

Morte , é isso.

Papai está morto.

Meu pai está morto.

Ele me pediu para ser bom filho para mamãe.

Eu não podia entender as outras coisas que ele queria dizer

mas vi a língua e os dentes dele tentando dizer isto melhor. Pobre papai.

Era o senhor Dignam, meu pai.

Espero que agora esteja no purgatório,

porque não se confessou com o padre Conroy na tarde de sábado.


ENGANO

Engano. Palavra doce.

Mas olha!

As estrelas brilhantes fenecem.

Ó Rosa !

Notas cricricrilando resposta.

Castela.

Rompe a manhã.

Ginga sege ginga, seginha.


PECADO


Perto, seus olhos passavam.

Doçuras do pecado.

Doces são as doçuras.

Do pecado


ECOS

Um tordo. Uma toda.

Seu sopro, ave canora, bons dentes de que se orgulha, flauteava com coita flébil.

É perdido. Rico som.

Eis duas notas numa.

Todo novo demais renôvo

é perdido no ovo.

Eco.

Quão doce a resposta.

Como isso é feito ?

Tudo é perdido agora.

Plangente ele assoviava.

Queda, entrega , perda.




INTERROGAÇÃO

Palavras?

Música ?

Não :

é o que é por trás.


MÚSICA

La la la ri.

Sinto-me tão triste hoje.

La ri.

Tão sol. Ré.


MÚSICA II

Mar, vento, folhas

trovão, águas, vacas mugindo, o mercado de gado, galos, galinhas não cucuricam, serpentes que tsíam.


Há música por toda parte.


OLHAR

Olhar :

olhar, olhar, olhar

olhar, olhar:

tu nos olhas.


MUDANÇA


Tudo mudado.

Esquecido.

Os jovens são velhos.

Seu fio enferrujado pelo sereno.



UM


Um.

Que é que está voando por aí ?

Andorinha ?

Morcego provavelmente.

Pensa que sou árvore, tão cego.

Os pássaros não têm olfato ?

Metempsicose.



MULHER

Feiosa:

nenhuma mulher pensa que é.

Amar, mentir e exceler pois o amanhã é morrer.



ARANHA

A aranha tece sua teia na solidão.

O rato, noturno

espreita do seu buraco.

A maldição é nela .

É assombrada.

Terra de assassino.


TUDO

Tudo é ido.

Agendath é uma terra sáfara, berço de corujas e da poupa burricega.

Netaim, a áurea

já não é.

E pelas estradas das núvens elas chegam, resmungando o trovão da rebeldia, os espectros das bestas.

Hua! Haa! Hua!

Paralaxe esncalça-os atrás e açula-os, os lancinantes raios de cuja fronte são os escorpiões.


O alce e o iaque, os touros de Bashan e de Babilônia, o mamute e o mastodonte, eles vêm atropelando o mar afundado, Locus Mortis, Ominosa, vindicativa hoste zodiacal!


Eles mugem, sobrepassando as nuvens, córneos e capricórnios , os trombudos com os colmilhudos, os leonijubosos e os aspesgados, os focinhentos e os rastejantes, rodentes , ruminantes e paquidermes, toda esta movente mugente multitude, matadores do sol.



POBREZA

Um prato espatifa-se;

uma mulher esganiça-se;

uma criança chorominga.


Pragas de um homem rosnam ,

ressoam, cessam.

Figuras erram,

emboscam-se,

espiam dos cortiços.



VISÕES

Vimos Shakespeare megeramontado

e Sócrates galinhabicando.

Mesmo o omnissapientíssimo estagirita foi bocado,

bridado e montado

por uma mariposa do mar.




TUDO

Depois dos jogos de mistério do salão e os estralos puxados das árvores nós nos sentamos na otomana da escada.

Debaixo da visgueira.

Dois eram tudo.



ANARQUIA

Sou pela reforma da moral municipal

e dos dez mandamentos puros.

Novos mundos para os velhos.

União de todos ( o judeu, o muçulmano e o gentio).

Três acres e uma vaca

para cada filho natural.

Coches-fúnebres-salão a motor.

Trabalho manual compulsório para todos.

Todos os parques públicos abertos dia e noite.

Lava-louças elétricos.

Tuberculose, aluação,

guerras e mendicância devem cessar já.


Anistia geral,

carnaval semanal,

licença de uso de máscaras,

abonos para todos,

esperanto a fraternidade universal.


Não mais patriotismo de mama-bares

e impostores hidrópicos.

Dinheiro livre, amor livre

e uma igreja laica livre

num estado laico livre.


Raposa livre num galinheiro idem.




SER OU NÃO SER


Ser ou não ser.

A vida é sonho ‘stá finda.

Acaba-a em paz.

A vida continua.

Sou uma ruína.

Umas poucas pastilhas de acônito.

Cortinas baixadas.

A carta.

Depois jazer e repousar.

Nô-mais.

Eu hei vivido.

Adeus.

Adeusdado



AMARGAMENTE

Homem e mulher,

amor,

quer é isso?


Uma rolha e uma garrafa.


TEMPO


Um tempo,

tempos

e meio tempo.



VERBO

No início era o verbo

no fim o mundo semfim.

Abençoadas sejam as oito beatitudes.



BEATITUDES


Bebida

bife

batalha

boiada

buzina

berreiro

besteira

bispo.



ESTÉTICA


Estética e cosméticos

são para o boudoir.

Busco a verdade.

Pura verdade para um homem puro.



CHAMA

Uma mão-de-judas

de esqueleto estrangula a luz.

A luz verde esvai-se

em malva.

A chama de gás geme silvando.


OBSERVAÇÃO


Observa.

Isto é o seu sol adequado.

Pássaro noturno

sol noturno

cidade noturna.

Procura-me Zuzé! Zzz.



CASULO


De olho o casulo bivalente da mulher é pior.

Sempre aberto Sésamo.

Aí porque teme a bicha,

ou coisas rastejantes.

Entretanto

Eva e a serpente se contraditam.

Não como fato histórico.

Analogia óbvia com a minha idéia.

As serpentes também são glutonas de leite de mulher.


INSTINTO


O instinto rege o mundo.

Na vida.

Na morte.



IMORTAIS


Nós imortais,

como hoje viste,

não temos tal lugar

nem pêlos ali.

Somos petrifrias e puras.

Comemos luz elétrica.


ENCANTO

Quebraste o encanto.

A gota que transborda.

Se só houvera o etéreo

onde estaríeis vós todas,

postulantes e noviças.

Reclusa não convicta,

como asno que micta.


AMORIVERBOS


Cochichando amoriverbos

cochicham labilambendo

liquiloquentes,

papôulicos plachechapes.




VÔO

Não, eu voava.

Meus inimigos sobre mim.

E sempre há de ser.

Mundo sem fim.



JOGADORES

A multidão ladra de jogadores de dados,

tudo-ou-nada,

de porrinheiros-de-três,

de trapaceiros.

Açuladores e cercadores,

espantadores roucos de chapéus altos de mágicos

berram ensurdecedoramente.



TURFE

Um cavalo escuro,

desmontado,

salta como um fantasma além da chegada,

a crina lunespumando,

as pupilas de estrelas.


A manada segue,

uma tropa de montadas escabreando-se.


Cavalos esqueletos:

Cetro, Máximo II, Zinfandel,

Shotover do Duque de Westminster,

Repulse, Ceilão do Duque de Beaufort,

prêmio de Paris.


Anões os cavalgam,

de armaduras ferrugentas,

saltejando,,

saltejando nas celas


Último numa garoa de chuva,

um rocim isabela esbofado,

galo do Norte, o favorito,

boné mel, jaqueta verde,

mangas laranja,

Garret Deasy montando,

crispando as rédeas,

bastão de hóquei à mão.

Seu rocim,

tropeçando em pés alviplainados, troteja ao longo da pista pedregosa.




VENCEDOR


Pino erecto,

a cara unhada

engessada com selos postais,

brande o bastão de hóquei,

os olhos azuis chispeando no prismático do lustre

no que sua montada saltita

perto num galope aprendiz.


Per vias rectas.



CIRANDA


De um canto as horas matinais escorrem,

aurilanudas,

esguias,

em azul meninesco,

vespicintadas,

de inocentes mãos.


Lépidas dançam,

girando suas cordas de saltar.

As horas merídias

seguem-se-lhes em ouro âmbar.

Rindo em ciranda,

suas grandes travessas cintilando,

prendem o sol em espelhos zombeteiros,

erguendo os braços.


CIRANDA II

As horas matinais e merídias valsam em seus lugares,

virando-se, avançando umas para as outras,

modelando as curvas,

inclinando-se vis-à-vis.

Cavalheiros atrás delas arqueiam

e suspendem os braços,

com as mãos descendentes sobre,

tocando,

levantes de suas espáduas.


CIRANDA III

As horas crepusculares avançam,

de longas terrestrissombras,

dispersas,

demorando-se,

languidoculadas,

sua faces delicadas com cípria

e uma rosa desmaiada falsa.

Estão em gaze cinza

com escuras manchas morcegas

que estremecem à brisa terral.



CIRANDA IV

As horas noturnas esgueiram-se

para o último lugar.

As horas matinais,

merídias e crespusculares

retiram-se ante aquelas.


Que estão mascaradas de cabeleira

com adagas e braceletes

de campainhas surdas.

Cansadas,

elas se cobremquecobrem com véus



CIRANDA V


Germinando-se,

recuando,

com mãos intercanbiantes,

as horas noturnas enlaçam-se,

cada uma de braços arqueados,

num mosaico de movimentos.



CIRANDA VI

Justagarrados

rápido mais rápido

em cintilibrilhischispeantes girâdolas

eles espalhipilhidisparam amontoadamente.

Barrabum!



KINCH

Com sutil sorriso da loucura da morte

Kinch matou seu canicorpo

de cadelicorpo.

Ela esticou as canelas.

Lágrimas de manteiga melosa

caem dos seus olhos no bolinho.

Nossa grande doce mãe.

Ipi oinopa ponton.



PALAVRA


Dize-me a palavra,

mãe,

se a sabes agora.

A palavra sabida de todos os homens.



CAOS


Levanta seu estoque

alto com ambas as mãos

e estilhaça o lustre.

A lívida flama final do tempo ressalta

e, na escuridão conseguinte,

a ruína de todo o espaço,

vidro partido

e alvenaria ruindo.



CONVITE

Vocês são meus convidados.

Os inconvidados.

Por virtude do quinto George

e sétimo Edward.

Culpa da história.

Fabulada pelas mães da memória.



FOGO !


Chamas sulfúreas saltam.

Nuvens densas passam rolando.

Pesados canhões Gatling ribombam.

Pandemônio.

Tropas deslocam-se.

Galopes de cascos.

Artilharia.

Comandos roucos.

Sinos clangoram.

Apostadores gritam.

Beberões berram.

Putas urram.

Sirenes silvam.

Clamores de bravura.

Guinchos de moribundos.

Picões colidem com couraças.

Ladrões roubam os massacrados.Aves de rapina,

ondeando do mar,

pairam piando, alcatrazes,

cormorões, abutres, açores,

galinholas trepadeiras, falcões reais,

esmerilhões, tetrazes, aurifrísios,

gaivotas, albatrozes e gansos bernacos.


O sol da meia noite escurece.

A terra treme...

... Um abismo se abre num bocejo silente.

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